domingo, 22 de junho de 2008

Brás Cubas

"Sofremos, porque somos egoístas, vaidosos, porque sonhamos além da conta, porque a sociedade é mal estruturada, porque os homens se exploram mutuamente, ou porque somos errados por princípio. Tais críticas parecem apontar as causas da dor humana. Mas, como são várias, não podemos ter certeza de nenhuma em particular. Por isso, em relação a elas, devemos sempre utilizar uma certa desconfiança, uma dúvida metódica. Para Brás Cubas, as certezas absolutas são tolas. E como é sempre esse o caso de que ele trata, nada de estranhar um certo clima de humor" (Por trás das letras)
"Ao verme que primeiro roeu as frias carnes do meu cadáver dedico com saudosa lembrança estas Memórias Póstumas.
...
Somadas umas cousas e outras, qualquer pessoa imaginará que não houve míngua nem sobra, e conseguintemente que saí quite com a vida. E imaginará mal; porque ao chegar a este outro lado do mistério, achei-me com um pequeno saldo, que é a derradeira negativa deste capítulo de negativas:
– Não tive filhos, não transmiti a nenhuma criatura o legado da nossa miséria"
(Machado de Assis)
Este é um dos meus livros preferidos, talvez por mostrar que não existem pessoas felizes, apenas felizardos; esse tom pessimista me faz sentir bem. Será que isso é possível? Sou estranha, quando vejo alguém com problemas maiores que os meus, me satisfaço.

Um comentário:

Charlos Pig disse...

"Não tive filhos, não transmiti a nenhuma criatura o legado da nossa miséria" Olha essa Jéssica nos resumos (Por trás das Letras) Lembro de um tempo que rolava um estudo de livros, era bom.