Hoje parei minha tarde para fazer algo que há muito tempo não fazia: andar no parque! Lá pude ouvir os passarinhos, contemplar a beleza das flores, ver o sorriso das crianças, a sensação de liberdade dos cachorrinhos, o abraço forte dos namorados e o prazer da leitura da velhinha.
A chuva - olhada pela janela do décimo andar - parece lágrimas geladas, mesmo mansa e calma, essa típica garoa paulistana atormento o meu interior, lateja em mim, como se fosse a minha alma que estivesse chovendo granizo. O meu chá das cinco - bem quente - não acompanha aquelas bolacinhas doces e nem mesmo as companias agradáveis que ele estava acostumado a ter. Eu volto o olhar para fora e imagino alguém fazendo barulho na porta (como se a chave enroscasse na fechadura e desse tempo para eu adivinhar quem chegou) e então essa pessoa abriria um sorriso e perguntaria como foi meu dia. Olho para a porta, ela continua intacta, ninguém entra. Lá fora, as árvores balançam tocando umas as outras, até elas se tocam, até as árvores necessitam do contato de quem vive ao seu redor. Cade o meu redor? Talvez, tudo o que eu realmente queira seja um abraço deles, pelo menos um, pelo menos hoje.
Talvez eu tenha crescido demais para ainda acreditar em contos de fadas. Ou quem sabe, todas as minhas experiências anteriores me fizeram perder toda a ingenuidade do que é simplesmente se apaixonar. Outros disseram que é só uma fase rebelde, uma mudança de vida. O que eu acho? Que enfim, eu aprendi o que é amor. Nada idealizado, nada concreto, nem ao menos para sempre. Se é que ele existe, posso dizer que é um estado emocional uni ou bilateral (depende), o qual há pensamentos, sonhos, desejos. Onde de repente, conseguimos filosofar e passar noites tentando entender o porque das lágrimas e dos sorrisos! Amor não é um bicho de sete cabeças e também não é algo raro. Ama quem quer; quem pode; quem, aquele determinado momento, está disposto a cumprir uma série de obrigações complementares, mas jamais essenciais. Amar não é ruim, é uma experiência que todo mundo deve ter ao menos uma vez na vida, é diferente, é único, como qualquer outra sensação que temos: ganhar, perder, rir, encontrar, chorar... É só mais um algo que traz emoção. Pode acontecer uma, duas, vinte vezes... será sempre diferente, as vezes vai acabar rápido, as vezes dura um pouco mais, só que nunca é insignificante e sempre dá certo enquanto durar!Poderia dizer que a minha vida é simplesmente umas idas e vindas, uns tombos e acertos... Uma vida como outra qualquer. Só que eu resolvi fazer diferente! Um belo dia eu fui descobrindo quem eu era de verdade, a minha própria personalidade e não quem os outros queriam que eu fosse! Lembrei que eu tinha sonhos e um coração cheio de segredos. Comecei a perceber que a minha vida estava indo bem, numa boa, mas isso já não me era mais o suficiente. Então, eu reparei em todos os meus erros do passado, todas as vezes que eu insisti no mesmo caminho que nunca dava em nada ou até mesmo aqueles momentos que eu tinha certeza que estava certa mas que hoje eu sei que não era bem assim. Eu me lamentei um pouco pelo tempo perdido, porém não me arrependo, afinal era o que eu deveria fazer para enfim aprender que meu destino não é bem um conto de fadas. Se hoje eu pareço ser mais fria, ou quem sabe um tanto quanto coração de pedra, é porque eu escolhi ser assim, não quer dizer que eu desisti de amar, só que guardei esse sentimento para quando for a hora certa de senti-lo. Não é qualquer paixãozinha de esquina que merece muita atenção, se for assim, depois há sofrimento, melhor evitar! Outra verdade também é que há algumas noites em que eu abraço o travesseiro e deixo minhas lágrimas rolarem, as vezes, nem eu sei porque elas caem, parece natural, como se fosse um desabafo da minha alma, uma vontade de ver algumas coisas diferentes, de sentir a dor de outra pessoa. Sei que me alivia um pouco! Quanto aos meus objetivos, por mais que eu lute por eles, quando algo não é para ser meu, não será. Levei muito tempo para entender o significado dessa frase, porém, agora isso já está concreto em mim! Sobre as lutas vencidas, resta-me a alegria de ver o resultado de um caminho cheio de esforços, mas que valeu a pena. Os planos se renovam a cada nova conquista, as idéias mudam e eu continuo vivendo!Há aqueles que passaram por mim, seja a professora do primário ou a amiga de todas as horas, ensinara-me grandes lições, compartilharam inesquecíveis momentos, mas que já tiveram sua participação especial e agora eu nem sei onde estão. Há outros que sempre estarão presentes, eu sinto, e sobre esses e essas, eu nem preciso dizer o quanto sou grata! Se eu pudesse guardar todos em uma caixinha de bailaria e cuidar de cada um como se fossem meus presentes, com certeza faria. Tem também aqueles que estão presentes no meu dia-dia, seja o porteiro, a faxineira, a mulher da loja ao lado, aqueles que eu sempre deixo o meu bom dia acompanhado de um sorriso, uns eu não sei nem o nome, outros já se foram e eu não lembro a fisionomia, só que com certeza fazem parte da minha história.Estou num momento de metamorfose, sabe?! Eu, que há pouco tempo brincava de casinha, estou indo para minha própria casa e a brincadeira está ficando séria. Terei as minhas responsabilidades. Aprendi muita coisa e já estou colocando em prática, o único problema é que ninguém me ensinou a administrar a solidão. Contudo, vou levando, me adaptando, às vezes me consolo com um abraço de reencontro, um sorriso de orgulho ou em alguma força maior. O que vale mesmo a pena é planejar o futuro, ver meus sonhos sendo realizados e viver intensamente aquilo que chamam de hoje! E para encerrar, fica aqui minha conclusão sobre a vida: Ela é um livro que eu escrevo com cuidado, página por página, repleta de personagens principais e secundários, lugares incríveis, problemas, soluções, mistérios, amores... Só que antes de cada folha publicada, há alguém que edita tudo o que é necessário para ser melhor!
.jpg)