quinta-feira, 19 de junho de 2008

Artes imperfeitas

Eu já derrubei sorvete de uva na camiseta branca que tinha acabado de ganhar; já tentei ajudar a mamãe a limpar a casa e passei pano molhado na televisão; já fiz uma surpresa pro papai e rasguei todos os papéis que sempre faziam ele ficar bravo; já escondi os óculos do vovô para ver se ele sabia brincar de esconde-esconde; já enterrei o meu irmãozinho na areia; já tentei mudar a cor da sala de jantar com as minhas tintas guache; já espalhei as linhas de costura da vovó só para deixar a casa dela mais colorida; já joguei água no cabelo da titia quando ela tinha acabado de chegar do salão de beleza; já fiz um desenho de flor na lição de casa do meu primo; já guardei o telefone na geladeira quando estava calor e por pouco não coloquei o cachorrinho da vizinha no microondas quando ele tomou chuva...
Bolei todos esse planos sozinha, e muitos outros também, achava que assim que os adultos descobrissem que era eu a responsável por essas boas ações, eu ganharia um presente. Porém não era assim, eu não entendia o porquê que no lugar de um sorriso eu levava broncas. Uns falavam que eu era arteira, outras insistiam que era só uma fase, tinha também os que me achavam uma gracinha e quantas vezes não fui confundida com o pestinha. Todos estavam errados: eu era criança e só!
Os adultos nunca entendem e chamam tudo de arte!
As crianças sempre tentam explicar e chamam tudo de felicidade!
Só que os adultos nunca escutam as crianças, estas acham cansativo demais ter que explicar toda vez e acabam fazendo bico...
A verdade é que só as crianças sabem ser felizes e eu até poderia dar a receita dessa felicidade (porque não faço mais bico), mas infelizmente já cresci e agora eu também não ouço as crianças.
(...)

Um comentário:

Charlos Pig disse...

o que eu também não entendo